domingo, 27 de setembro de 2009

Porque Collor?

E o eleitor, porque acabou escolhendo o candidato Fernado Collor? Pode-se sim ser direto e dizer que à aquela altura o público identificava em Collor um melhor candidato. O candidato Collor, de tradicional família de políticos, fluente em vários idiomas estrangeiros, possuía experiência administrativa, e havia estudado em prestigiosa universidade brasileira. Lula era um líder sindical, de origem humilde, sem educação superior, sem prévia experiência administrativa e conhecido por cometer erros ao falar sua própria língua.
Os eleitores estavam também influenciados pelos valores emocionais, na medida em que escutavam a retórica de Collor repleta de emoção. O candidato enfatizava dois dos principais problemas que afligiam os brasileiros na época: a guerra contra a corrupção e o combate à inflação. Seus discursos eram cheios de energia e emoção ao abordar os principais problemas nacionais. Seus programas de televisão, seu material de campanha e os seus comícios eram sempre bem produzidos, contavam com a participação de celebridades, tendo ao fundo boa música e muitos efeitos especiais refletindo o trabalho profissional da equipe de campanha do candidato.
Cansada dos políticos tradicionais que, por muitos anos, administraram o país e pouco fizeram para melhorar suas condições os brasileiros apoiavam o candidato Collor vendo nele um político novo e diferente. Os eleitores queriam alguém jovem, com energia e vontade de mudar o país e que não estivesse contaminado com as velhas práticas dos políticos brasileiros. Fernando Collor personificou esta imagem e seus eleitores logo o identificaram como uma nova figura no cenário político do país. Este certamente foi o valor mais forte que influenciou os eleitores a votarem em Collor para Presidente do Brasil.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Eleições de 1989

Fernando Collor era um ótimo “produto” eleitoral neste momento. A juventude, boa aparência, inteligência, energia e boa oratória foram alguns dos atributos pessoais que, os responsáveis pela campanha política de Collor, souberam tirar vantagem. Collor era um bom ator na televisão, onde expressava e utilizava sentimentos para convencer os brasileiros de que era o candidato certo para o cargo.
De acordo com Albuquerque (1994) o candidato Fernando Collor de Mello se apresentava como alguem jovem, bem apessoado, herói e “caçador de marajás”. Esta imagem atraía a mídia e a população brasileira, tanto antes como depois das eleições de 1989. Para o mesmo autor Collor aproveitou-se desta lua de mel com a mídia brasileira e se tornou presidente do Brasil.
Outro importante elemento da campanha de Collor foi a habilidade de captar recursos financeiros. As idéias de Collor foram bem recebidas não somente pela população em geral como também pelos empresários. Suas idéias de privatização e modernização do estado brasileiro eram exatamente o que os empresários queriam ouvir. Certamente, o medo dos empresários das idéias socialistas de Lula também contribuiu para ampliar os cofres da campanha de Collor.
O fenômeno Collor representou um grande exemplo de sucesso no uso do marketing político, o marketing político passou a ser extensivamente utilizado no Brasil graças às práticas e inovações introduzidas pela campanha presidencial de 1989 do candidato Fernando Collor de Mello.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eleições 2010

Como a campanha para 2010 já começou mesmo que não oficialmente, resolvemos começar a analisar no blog o uso histórico do marketing político nas eleições brasileiras. Começaremos pela de 1989 por sua importância na história da República, porque depois de vinte e um anos de ditadura militar e cinco anos de mandato do Presidente Jose Sarney, eleito pelo Colégio Eleitoral, o país passa a ter a sua primeira eleição presidencial desde 1962.
Esta eleição se tornou um marco na história política do Brasil como a primeira campanha onde um candidato utilizou-se do marketing político para alavancar a sua candidatura. O sucesso da campanha é creditado a forma diferenciada com que a equipe soube ler, interpretar e responder as necessidades e anseios do eleitorado brasileiro.
Como prática profissional, o marketing político chega ao Brasil nestas eleições. Nela o então candidato, Fernando Collor de Mello, apresentou uma campanha inovadora ao utilizar, de forma
abundante, os recursos de mercadologia. Idéias e práticas de marketing que, anteriormente, eram exclusivas da prática empresarial passaram a ser utilizadas por políticos nas suas campanhas e nos seus governos com o objetivo de melhor se comunicar com seu público e assim poder ampliar sua popularidade. Fernando Collor e sua equipe souberam utilizar profissionalmente estas ferramentas ao identificar as necessidades dos eleitores e gerenciar essas informações como base principal para o desenvolvimento da campanha.
Gostaría de ressaltar que o marketing ao criar novas maneiras de se auferir a opinião publica contribui no sentido de dar respostas mais rápidas e eficazes às necessidades da sociedade. Desta forma, a utilização do marketing político não só auxilia os políticos na busca de seus objetivos pessoais como também, contribui para o aprimoramento da democracia (quando é o desejo de quem se utiliza da técnica).

domingo, 6 de setembro de 2009

A Propaganda Política no Século XX

Essa semana descobri o execelente livro do escritor francês Jean Marie Domenach entitulado "La Propagande Politique", se não compreenderem o título uma rápida googlada resolverá seus problemas. O livro trata das maneiras e dos porquês da propaganda ser utilizada na política mundial, de maneira lúcida e bem embasada.
Por falta de capacidade de tratar do assunto tão bem quanto o autor e até mesmo para aguçar a curiosidade de alguns, vou transcrever aqui a introdução do livro. É um pouco longa para um blog mas realmente vale a pena!
Saudações!
"Um dos fenômenos dominantes da primeira metade do século XX é a propaganda política. Sem ela, os grandes acontecimentos da nossa época: a revolução comunista e o fascismo, não seriam sequer concebíveis. Foi em grande parte devido a ela que Lenin logrou instaurar o bolchevismo; Hitler deve-lhe essencialmente suas vitórias, desde a tomada do poder até a invasão de 1940. Mais que estadistas e líderes guerreiros, esses dois homens, que de maneira, sem dúvida, bem diferente vincaram profundamente a história contemporânea, são dois gênios da propaganda e ambos proclamaram a supremacia dessa moderna arma: “O principal — asseverou Lenin — é a agitação e a propaganda em todas as camadas do povo”; Hitler disse: “A propaganda permitiu-nos conservar o poder, a propaganda nos possibilitará a conquista do mundo”.
Alfred Sauvy, no livro Le Pouvoir et l’Opinion, assinala com justeza que em nenhum Estado moderno o regime fascista caiu sem intervenção externa, o que, na sua opinião, constitui prova da força da propaganda política. Dir-se-á tratar-se sobretudo de um efeito do controle policial. Contudo, a propaganda precedia a polícia ou exército e lhes facilitava a ação; a polícia alemã não podia grande coisa fora das fronteiras da Alemanha; representam, de início, vitórias da propaganda, a anexação sem combate da Áustria e da Tcheco-Eslováquia, bem como a derrocada da estrutura militar e política da França. A propaganda política, incontestavelmente, ocupa o primeiro lugar, antes da polícia, na hierarquia dos poderes do totalitarismo moderno.
No decurso da Segunda Guerra Mundial, a propaganda acompanhou sempre e, algumas vezes, precedeu os exércitos. Na Espanha, as brigadas internacionais dispunham de comissários políticos. A Wermacht tinha, na Rússia, “companhias de propaganda”. Se a Resistência francesa não houvesse compreendido obscuramente a importância vital do esforço para imprimir e difundir folhetos e volantes de conteúdo freqüentemente diminuto, jamais teria sacrificado milhares de homens e dos melhores. Sem embargo do armistício, a propaganda não cessou. Ela fez mais para a conversão da China ao comunismo do que as divisões de Mao-Tsé-Tung. Rádio, jornal, filme, folhetos, discursos e cartazes opõem as idéias umas às outras, refletem os fatos e disputam entre si os homens. Quão significativa de nossa época é a história dos prisioneiros japoneses devolvidos pela URSS em 1949. Convertidos ao comunismo após uma temporada nos campos de “educação política”, foram aguardados, na volta; por zeladores de outra doutrina, Bíblia em mãos, a fim de submetê-los à “reeducação democrática”.
Desde que existem competições políticas, isto é, desde o início do mundo, a propaganda existe e desempenha seu papel. Foram, por certo, uma espécie de campanha de propaganda, aquelas movidas por Demóstenes contra Filipe ou por Cícero contra Catilina. Assaz consciente dos processos que tornam amados os chefes e divinizam os grandes homens, Napoleão compreendeu perfeitamente que um Governo deve preocupar-se sobretudo em obter o assentimento da opinião pública: “Para ser justo, não é suficiente fazer o bem, é igualmente necessário que os administrados estejam convencidos. A força fundamenta-se na opinião. Que é o Governo? Nada, se não dispuser da opinião pública”.
Políticos, estadistas e ditadores, de todos os tempos, procuraram estimular o apego às suas pessoas e aos seus sistemas de governo. Todavia, não há nada de comum entre as arengas da Ágora e as de Nuremberg, entre os grafitos eleitorais de Pompéia e uma campanha de propaganda moderna. A separação situa-se mais perto de nós. A lenda napoleônica, tão poderosa a ponto de, quarenta anos depois, elevar ao poder um novo Napoleão, não se compara ao mito que envolve os chefes modernos. A propaganda do General Boulanger apresenta, ainda, as feições de outrora: cavalo preto, cançonetas, imagens de Epinal... Trinta anos passados, as formidáveis vagas da propaganda teriam à sua disposição o rádio, a fotografia, o cinema, a imprensa de grande tiragem, os cartazes gigantescos e todos os novos processos de reprodução gráfica. Nova técnica, que usa meios subministrados pela ciência, a fim de convencer e dirigir as massas constituídas no mesmo momento, técnica de conjunto, coerente e que pode ser, até certo ponto, sistematizada — sucede ao conjunto dos meios empregados em todos os tempos pelos políticos para o triunfo de suas causas e ligado à eloqüência, à poesia, à música, à escultura, às formas tradicionais das belas-artes, em suma. A palavra que a designa é, ela também, contemporânea do fenômeno: propaganda é um dos termos que destacamos arbitrariamente das fórmulas do latim pontifical; empregada pela Igreja ao tempo da Contra-Reforma (de propaganda fide), é mais ou menos reservada ao vocabulário eclesiástico (“Colégio da Propaganda”) até irromper na língua comum, no curso do século XVIII. Mas a palavra guarda sua ressonância religiosa, que não perderá definitivamente senão no século XX. Agora, as possíveis definições estão muito longe desse primeiro sentido apostólico: “A propaganda é uma tentativa de influenciar a opinião e a conduta da sociedade, de tal modo que as pessoas adotem uma opinião e uma conduta determinada”
(1) ou ainda: “A propaganda é a linguagem destinada à massa; ela emprega palavras ou outros símbolos veiculados pelo rádio, pela imprensa e pelo cinema. O escopo do propagandista é o de influir na atitude das massas no tocante a pontos submetidos ao impacto da propaganda, objetos da opinião(2)”.
A propaganda confunde-se com a publicidade nisto: procura criar, transformar certas opiniões, empregando, em parte, meios que lhe pede emprestados; distingue-se dela, contudo, por não visar objetos comerciais e, sim, políticos: a publicidade suscita necessidades ou preferências visando a determinado produto particular, enquanto a propaganda sugere ou impõe crenças e reflexos que, amiúde, modificam o comportamento, o psiquismo e mesmo as convicções religiosas ou filosóficas. Por conseguinte, a propaganda influencia a atitude fundamental do ser humano. Sob esse aspecto, aproxima-se da educação; todavia, as técnicas por ela empregadas habitualmente, e sobretudo o desígnio de convencer e de subjugar sem amoldar, fazem dela a antítese.
Entretanto, a propaganda política não é uma ciência condensável em fórmulas. Movimenta, inicialmente mecanismos fisiológicos, psíquicos e inconscientes bastante complexos, alguns dos quais mal conhecidos; ademais, seus princípios provêm tanto da estética como da ciência: conselhos da experiência, indicações gerais à maneira das quais sobeja inventar; caso faltem as idéias, escasseie o talento ou o público, não há mais propaganda que literatura. A psicagogia, isto é, a direção da alma coletiva, deve muita coisa às ciências modernas; pode tornar-se uma ciência? Aí fica a pergunta. Nossa tentativa, portanto, não é de codificá-la, mesmo no estado atual. Acreditamos — esperamos — que ela não permanecerá encadeada às regras funcionais que lhe reconhecemos."

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Apresentação

"No nosso sistema um homem não pode chegar ao topo sem ter oposição, a nossa constituição exige que os eleitores achem que eles tem escolha. Isso é democracia."
Earl Sinclair
Saudações!
Este é um blog experimental feito pelos alunos Gabriel Lobo e Felipe Triaca do 5º semestre do curso de Publicidade/Propaganda do UniCEUB, com o intuito de estudar e divulgar as técnicas e teorias dos grandes nomes da propaganda política. Ao longo do semestre vamos desenvolver este blog com esperanças de que ele funcione durante muito tempo, e se torne uma ferramenta de análise política para seus leitores. Esperamos que encontrem utilidade no nosso trabalho!
Gabriel Lobo
Felipe Triaca